terça-feira, 29 de março de 2011

ChOqUeM............

    Tarde normal de um dia comum de terça feira, minha folha foi a uma “entrevista” de emprego, não sei se eu já falei para vocês, mas ele é do candomblé e quando se é do candomblé que raspa para o santo você é chamado de Yaô, até esse dito yaô completar sete anos de santo raspado, não pode estar vestindo preto nem vermelho, para ser mais claro nenhum tipo de roupa escura e ele tem apenas oito meses e alguns dias de santo raspado (Eu eu). Pasmem, para essa bendita entrega de currículum para ser mais sucinto ele vestiu uma camisa branca com uma estamparia cinza degrade uma calça jeans escura quase preta e um sapato preto social, tipicamente esporte fino.

     Os sinais começaram de cedo, ele pensou em fazer um amanci, é um típico banho de ervas preparado com as de descarrego, ou de boa fluência de energias, mas não o fez e quando deixou a casa do empresário na qual foi. Chegando num local público de grande circulação de ônibus e pessoas, tem problemas com seu sapato dito social, o solado do mesmo sai repentinamente sem quaisquer resquícios de puxavões ou mesmo pisões, fica nesse local que chamamos de terminal de ônibus urbano, por sorte tinha eu um par de sandálias de dedo (sem expor a marca-evitar merchandising) de cor branca que por acaso estava em minha sacola, fui até esse terminal e entreguei-lhe a sandália, saímos de lá e fomos ao encontro de um de seus irmãos de santo no comercio chamado por calçadão, após todo esse trajeto voltamos ao local que de costume nos encontramos, a praça da catedral onde nos encontramos pela primeira vez, as margens de um lago em cima de uma ponte, lá sentados estafados do sol e do caminhar, alguns minutos de conversa e ouvindo um som no aparelho móvel dele (Lobo de Pitty - adoramos-na).
     Aproxima-se um rapaz aparentando seus vinte dois a vinte três anos, muito embora sua face já gritasse uma idade muito maior do que a real, com uma arma branca na mão (uma faca de cozinha) apontando para nós dois e mandando que ele desse o celular a ele ou ele iria introduzir-nos a faca, em uma atitude rápida e bem pensada ficamos os dois quietos e trabalhamos o psicológico dele com perguntas do tipo: - Você esta certo disso? - Quer enfiar a faca em nós?  E ele numa atitude desesperada, tremendo todo o seu corpo, seus lábios arroxeados e suas mãos que não paravam de chacoalhar como a calda de uma serpente perguntou-nos se iriamos pagar suas contas e que ele precisava fazer aquilo para pagar o que devia se não “os caras” iriam matá-lo e que ele acabara de sair da delegacia, e nesse mesmo trâmite questionávamos ele para ganharmos tempo, e foi quando perguntou-se ao prodígio de bandido se ele queria dinheiro ele disse que não, então fizemos a pergunta que não queria calar naquele momento... –mas se você precisa pagar sua conta podemos te dar o dinheiro...
    Foi quando o informamos o que poderíamos lhe dar e ele caiu na real e seu corpo já não mais controlado por seu cérebro e sim pelo medo joga a faca fora dizendo ter sido influenciado por satanás ( porque o coitado sempre é culpado por tudo), e recebe calmamente o dinheiro dado por nós apenas quinze reais e alguns caraminguás, e sai normalmente como se nada tivesse acontecido, poderíamos ter destroçado e desossado ele, mas Deus nos impossibilitou os membros e nos fez usar a cabeça. Fico feliz que tudo tenha acabado bem, sem o dinheiro é verdade, mas isso é nada perto da minha vida e da vida da minha folha...  

Shaymon Rizzo -

Ps: ...muito assustado mas com o coração tranquilo ajudei um pobre coitado e sobrevivi!!

Nenhum comentário:

Postar um comentário